DESAFIO
A necessidade de uma economia que valorize a floresta em pé e promova a participação da população local é uma premissa insubstituível para a conservação da Amazônia. Dentre os desafios para que a bioeconomia promova desenvolvimento sustentável e inclusivo na Amazônia estão a criação de valor próximo à floresta e a diversificação da demanda. Para ampliar o beneficiamento local e principalmente diversificar os produtos é necessário inovar tanto em processos quanto em produtos, não apenas na base, mas principalmente nas etapas mais avançadas das cadeias de valor. Quanto maior a escala de inovação em toda a cadeia de valor, diversificando os produtos finais ao consumidor, seus ingredientes e insumos, maior o potencial de ganho de escala de valor para a bioeconomia, aumentando proporcionalmente seu impacto positivo para a conservação de florestas e para as comunidades locais. Para que isso se concretize na escala de um território que ocupa metade do país, é preciso criar um ambiente mais vibrante de inovação e negócios na região, bem como mecanismos financeiros que potencializem as cadeias de valor envolvidas. Foi a partir desse contexto que o projeto foi desenvolvido, visando a modelagem de um Ecossistema de Inovação para a Amazônia, focado no estímulo aos negócios de impacto ou de Criação de Valor Compartilhado.
DESENVOLVIMENTO
Desde o final de 2018, a Fundação CERTI e o Instituto CERTI Amazônia, com apoio de financiadores internacionais e parceiros locais, mapearam o potencial do Ecossistema de Inovação nos estados brasileiros que compõem a região amazônica, com o objetivo de ativar seu potencial através da geração de soluções inovadoras que criam valor econômico para a floresta protegida. A partir da metodologia da Fundação CERTI de Delta de Oportunidades, que inclui análises de Vocações (principais competências produtivas instaladas), de Potencial (competências científico-tecnológicas existentes) e de Tendências (principais tendência e cenários prospectivos) foi gerado um Mapa de Oportunidades por município da Amazônia Legal. Já para o mapeamento dos atores e mecanismos já existentes no Ecossistema de Inovação da Amazônia, a abordagem de desenvolvimento partiu do modelo básico do Ecossistema de Inovação de Florianópolis (Figura 1), desenvolvido pela Fundação CERTI, adaptado para a realidade da Amazônia, para a realidade das cadeias de valor vocacionadas, para a realidade do perfil de empreendimentos e empreendedores da bioeconomia e para a modelagem de negócios de impacto.
RESULTADO
Como resultado do projeto, foram mapeados:
- 1.947 linhas de pesquisa com potencial de criação de valor para a Floresta, considerando aqui apenas as ICT (Instituições de Ciência e Tecnologia) amazônicas.
- Entre 2016 e 2019 foram mapeados cerca de 360 jovens empreendimentos inovadores na Amazônia. Desses, 140 foram considerados com potencial de criar valor para a floresta, sendo que 46 utilizavam diretamente biodiversidade ou serviços ecossistêmicos como insumo. A Figura 3 apresenta a distribuição desses últimos por setor.
- Cerca de 50 incubadoras, aceleradoras e outros mecanismos semelhantes atuando na Amazônia, que poderiam apoiar os empreendimentos inovadores da bioeconomia florestal para que superem o “Vale da Morte da Inovação”.
- Cerca de 328 empresas de características industriais, no Brasil e no exterior, que utilizam insumos oriundos da floresta amazônica e comunicam isso. A Figura 4 apresenta a distribuição dessas empresas (potenciais clientes B2B) por setor.
- Cerca de 140 potenciais mecanismos e instrumentos de financiamento ao empreendedorismo de impacto para conservação das florestas.
- Os resultados obtidos neste projeto realizado em 2018-2019 serviram de base para a iniciativa em desenvolvimento denominado Jornada Amazônia, que tem por objetivo implementar diversas ações de forma integrada no contexto do Ecossistema de Inovação de Impacto na Amazônia.
